SUPOSTO RUMOR DE AMPLIAÇÃO DO PORTO DE SANTOS NO RIO ITAPANHAÚ PREOCUPA BERTIOGUENSES E AMBIENTALISTAS

Segundo o possível boato, são mais de 700 mil m² de área de manguezal pleiteados por uma empresa chinesa. Um vídeo ainda mostra a cidade, como um local perfeito geograficamente, para a instalação de possíveis terminais

Um vídeo publicado no YouTube, que está circulando em grupos de WhatsApp, preocupa moradores bertioguenses, daqueles que se preocupam com o meio ambiente local. Isso porque as imagens com áudio falado em inglês, mas com legenda em português, demonstram interesses de empresas portuárias, querendo ampliar seus negócios numa área de manguezal às margens do Rio Itapanhaú.

São mais de 700 mil m², pleiteados, nas proximidades do paço municipal, segundo o referido vídeo, que ainda mostra a cidade, como um local perfeito geograficamente, para a instalação de possíveis terminais de transbordo, ampliando o porto de Santos em Bertioga.

As imagens mostram que o município possui o Rio Itapanhaú para a navegação de embarcações, as quais ainda não se sabe o tamanho delas, para saber seria necessário realizar dragagem no rio. Isso além de demonstrarem as proximidades das principais rodovias da região que facilitariam a logística.

No momento, aparentemente, essa situação está no campo do boato, e há até quem afirme que em poucos dias vai acontecer o leilão da referida área, e que uma empresa chinesa muito está interessada nela. Assim sendo, isso está assustando a todos que querem ver o meio ambiente bertioguense bem preservado, sendo contra qualquer atividade deste tipo. Muitas pessoas, que sempre almejaram atividades de ecoturismo, que poderiam ser excelentes atividades econômicas, inclusive não poluentes no município, temem esse acontecimento.

Para o biólogo Mateus Rodrigues, a área é uma Área de Preservação Permanente – APP, não pode ser mexida ou vendida e, pertence à União – ao Governo Federal, e que inclusive não pode ser documentada para nenhuma atividade. De acordo com Mateus, caso sejam construídos terminais na região de manguezal, a devastação do meio ambiente seria inevitável.

“Isso pode degradar catastroficamente o manguezal que é um berçário de animais marinhos e terrestres, de variadas espécies. Um exemplo do que pode acontecer, é quando ocorreu a construção do Porto de Suape, no estado de Pernambuco, que chegou a ser inaugurado antes de diversas leis que protegem o meio ambiente. Neste caso, ocorreu que tubarões, como a espécie Cabeça Chata, que procuravam os rios nas áreas de manguezais para se alimentar, não mais frequentaram esses locais, pois as espécies que serviam de alimento para eles não mais estavam presentes nas áreas de mangue. Assim, os tubarões migraram inclusive para as praias e infelizmente aconteceram acidentes, quando morderam banhistas e surfistas buscando alimento, nas praias do litoral pernambucano. E isso pode ocorrer em Bertioga também. É válido lembrar que o ser humano não faz parte do cardápio do tubarão. Explica o biólogo.

Ele também alerta que embarcações de grande porte navegando pelo Rio Itapanhaú podem causar ondulações bem maiores do que a vegetação do mangue pode suportar. “As árvores do mangue que podem ser de três tipos, tem suas raízes afixadas na lama, que é frágil. Essas ondas podem desprender essa vegetação matando-as, devastando o manguezal e a vida local que depende delas, de forma irreversível”, encerra.