UM HOMEM QUE VENCEU NA VIDA PREPARANDO PASTÉIS

Chiquinho do Pastel muito batalhou na vida para conquistar seu espaço em Bertioga. Ele conta sua trajetória de vida que começou no Estado Rio Grande do Norte, onde nasceu e, como chegou no município bertioguense

Um nordestino de uma família de nove irmãos, da cidade de Martins, no Rio Grande do Norte, local onde morou até os 20 anos de idade. Ele nem imaginava que um dia iria migrar para outro lugar e montar um negócio de sucesso. O nome dele é Francisco Neves filho, o popular Chiquinho do Pastel. Ele nasceu no dia 29 de abril de 1969, e tem 52 anos. Chiquinho migrou para São Paulo no início da década de 90 e conseguiu um emprego de copeiro. Mais tarde, trabalhou como “cumim” (auxiliar de restaurante) e posteriormente como garçom.

A trabalho em São Paulo há três anos, soube da existência de uma pequena cidade litorânea chamada Bertioga, isso através de uma tia dele que já estava morando neste referido lugar. Apesar de tia, a diferença de idade entre os dois é pequena, eles cresceram juntos no Rio Grande do Norte. Ela, assim como ele, veio para São Paulo atrás de emprego. Na Capital ela conheceu um rapaz e casou-se com ele. O marido da tia de Chiquinho trabalhava em Bertioga como zelador no condomínio “Grapirá”. O casal veio morar em Bertioga e deu a ideia de Chiquinho fazer o mesmo.

Num certo dia, ele recebe uma carta da tia convidando-o para visitá-la em Bertioga. Ela explicou a ele como se chegava na cidade e ele veio. Pegou o ônbus da Viação Ultra no Jabaquara e pediu para o motorista parar na frente do Supermercado Albatroz, que à época ficava no início da Avenida 19 de Maio, esquina com a Rodovia Rio-Santos. O marido da tia do Chiquinho o aguardava no ponto quando ele pisou no município recém emancipado, pela primeira vez. Ele ficou hospedado na casa da tia e conversando com o marido dela ficou sabendo de que ele havia comprado um trailer de lanches para trabalhar e tirar uma renda extra. Assim sendo, o trailer foi apresentado a Chiquinho que foi convidado para ser sócio do empreendimento. E ele havia feito um acordo com o patrão em São Paulo e estava com um dinheiro extra. Mesmo assim, Chiquinho disse para o marido da tia que não poderia aceitar o convite, pois, havia se comprometido com o patrão de voltar a trabalhar no restaurante.

Entretanto, o casal insistiu e ele acabou aceitando a proposta de sociedade. O marido da tia não era do ramo e o trailer era tocado por uma funcionária. Naquele tempo, o estabelecimento ambulante de lanches funcionava das 14 horas à meia-noite. E logo, após quatro anos prestando seus serviços em São Paulo, Chiquinho mudou-se para Bertioga e começou a trabalhar no trailer. Após seis meses sob o comando da empreitada, ele comprou a parte do marido da tia que queria vendê-la. Na compra da parte do sócio, Chiquinho deu como entrada, um carro e o restante do valor foi parcelado. O trailer ficava na esquina da Avenida Anchieta com a Avenida 19 de Maio, local onde hoje fica a Praça dos Emancipadores.

Naquela época, tanto a Anchieta como o trecho da 19 de Maio onde o trailer estava instalado, eram vias de terra, que ainda não tinham asfalto. O trailer ficou neste local uns dois anos e depois o Chiquinho precisou sair para a prefeitura asfaltar a Avenida Anchieta. O trailer foi transferido para uma outra esquina da Avenida 19 de Maio, sendo instalado entre a Auto Elétrica do Português e o Supermercado Caçula. Na ocasião, ele trocou o antigo trailer por um maior e o nome do negócio passou de “Ponto de Encontro” para “Pastel Express”.

Chiquinho apresentando um delicioso pastel e, ao lado direito, na parede amarela, os quadros representando as premiações que seu estabelecimento adquiriu devido ao trabalho apresentado ao longo do tempo

Chiquinho conta que naquela época, em Bertioga, ninguém trabalhava 24 horas. O concorrente, Pastel do Trevo, funcionava só até as 2 horas da madrugada. Chiquinho foi o primeiro do ramo a funcionar 24 horas. Assim como atualmente, este trabalho foi muito bem recompensado por ter adquirido muitos clientes, devido aos seus deliciosos pastéis, lanches e salgados, sempre muito bem preparados com muito carinho.

Por conta de um trabalho de reurbanização na Avenida 19 de Maio, houve mais uma mudança, para o número 844 da mesma avenida. O local, onde o trailer até hoje está situado, coberto, com banheiros, telão para a galera assistir jogos de futebol e muito mais, se tornou um dos pontos mais movimentados e frequentados de Bertioga, tanto por moradores e turistas, quanto por visitantes apenas de passagem pela cidade, afinal, o “Pastel do Chiquinho” funciona 24 horas e trabalha com grande variedade de lanches, pastéis, doces, salgados, açaí na tigela, bebidas e etc, o que o torna, muito recomendado pela clientela.

Já com o sucesso garantido, foi inevitável ser premiado pela Revista “Veja Praia” como o melhor pastel e o melhor atendimento da Baixada Santista. E também foi indicado pelo Guia “Comer & Beber” como referência gastronômica em Bertioga. “Conquistamos estes prêmios pela característica dos nossos pastéis que são grandes, bem recheados e de sabores variados”, afirma Chiquinho, que já trabalhou vendendo salgados de porta em porta na sua cidade de origem. E sobre isso, este homem de sucesso diz. “Tempos difíceis, mais que o enchem de orgulho”, encerra.