O EXTRA ESTÁ DE OLHO NAS RUAS SEM SAÍDA E INTERDITADA QUE PODEM VIRAR NEGÓCIO LUCRATIVO DE GRILEIROS
Por um tal de Willian Santos
Atualmente a Avenida Bougainville, que fica rente ao muro do condomínio de mesmo nome, no bairro Vila Agaó, está interditada com estacas de madeira cravadas no solo e o mato está crescendo, aos poucos tirando a característica de via de passagem pública, inclusive de veículos. A impressão causada através da visão dessa feitura, é que a rua desapareça mesmo, para que logo seja esquecida por todos que passarão pelo local, vendo apenas um matagal, encostado ao alto muro do referido empreendimento dos associados endinheirados.
Ali perto, de fronte à Praia da Enseada, bem próxima ao Bougainville 1, tem uma rua sem saída, que não tem nome, pelo menos não consta no mapa do Google. Esta via é ladeada por imóveis antigos, um, uma ruína ao lado esquerdo, que já foi uma casa requintada, hoje com característica de abandonada. Do lado direito, há um terreno baldio que também já foi uma bela casa de veraneio. Nessa rua, há poucos dias, foram vistas pessoas da prefeitura, entre outras desconhecidas, interagindo entre elas, como se estivessem combinando o que fazer com aquele espaço. Mas o que pode estar acontecendo? O Extra em algumas oportunidades já abordou o assunto, ” ruas interrompidas “. Abaixo vai um, entre muitos casos ocorridos no município, que possivelmente, pode esclarecer essas questões.
O MURO DA VERGONHA
“Um muro faz toda a diferença quando impede que veículos e pedestres trafeguem por um espaço público”. Isso quem ressalta é um engenheiro que reside há muitos anos em Bertioga. Ele fala sobre a Rua Henrique Montez, interrompida por um muro que se não existisse, através desta via todos poderiam ter acesso à Praia da Enseada no Centro. O engenheiro ainda diz que tem gente poderosa envolvida nisso, que cercou a área para chamar de “minha”. Ele afirma que essa situação é um roubo ao erário público, e que esse caso está na justiça, inclusive com “batida de martelo”, ajuizando que o local é área pública. Conforme ele, existe em tramitação judicial uma ação no valor de R$5 milhões contra os donos do muro, que se sentem os donos da rua. Pela gravidade da situação, o engenheiro apelidou a barreira de concreto de “muro da vergonha”.
Afirma-se que a mudança de vilarejo de pescadores para urbanização foi iniciada na década de 40, contudo, em décadas depois é que foi possível ser notado esse crescimento de ruas interrompidas, a partir dos anos 70 e 80. Um exemplo bom é o condomínio Centerville, que tem seu acesso pelo portão de entrada através da Avenida Anchieta. Se esse empreendimento não existisse, seria benéfico a todos que atualmente precisam dar uma volta enorme para atravessar de um bairro ao outro. Isso devido ao enorme muro que chega até a encobrir parte da visão de muitas mansões e sobrados, e que também serve de paredão contra várias ruas que deveriam servir de passagem também pelas laterais deste condomínio. Uma delas é a Luiz Pereira de Campos, onde fica situado o paço municipal, da prefeitura de Bertioga. Se esta via passasse por dentro do Centerville, quem estivesse de frente a uma praça que que fica na parte de trás do Colégio Armando Belegarde, atravessaria para o bairro Jardim Paulista a pé, em cinco minutos.
Contudo, esses casos jamais aconteceriam sem a participação de agentes públicos (prefeitos, vereadores, secretários e outros interessados no assunto). É quando eles se tornam verdadeiros corretores de área pública, com toda a certeza ganhando gordas comissões para que particulares se tornem donos destes locais. Se alguém tem dúvidas de que construíram imóveis em cima de ruas e áreas, que foram roubadas é só andar pela cidade que o documento de prova é físico, assim como alguns destes casos já citados, pois os muros interrompendo vias, até um cego sem um guia, pode descobrir dando de cara neles. Com certeza soariam palavrões nestas histórias.
Mas para quem quer comprovar mesmo tudo isso, é só ir ao cartório de registro de imóveis de Santos, que é possível ter a veracidade dessa informação através das documentações que estão lá. No caso de determinados terrenos, existem em cima deles, alguns condomínios que estão onde poderiam ser nos dias de hoje, postos de saúde, praça de entretenimentos, ou equipamentos públicos quaisquer em benefício da população. Até em cima de rios, hoje tem casas. Um bom exemplo é o ribeirão Barra Nova, no Centro, assoreado para alguém que não respeita a natureza, sorrir.
Portanto, ocorre que estes referidos imóveis estão em nome de empresários ou profissionais graduados da construção civil, ou de outros grileiros que, com documentos falsos, pensam que comprovam as propriedades como se fossem deles. O importante nessas histórias, é que muitos deles já estão no mundo dos mortos e já não podem se apossar de bens públicos. Assim sendo, é bom lembrar que principalmente na área central, onde ruas estão interrompidas por empreendimentos, nas plantas que estão lá no cartório, toda essa documentação afirma que os locais são realmente ruas, dessas que não podemos passar nesse plano físico de vida. Um bom exemplo, voltando a falar do condomínio Centerville, cuja a Rua Francisco Pinto, conta com o maldito já mencionado muro interrompendo a extremidade dos fundos, onde esta via se encontraria com a Rua Ayrton Senna da Silva.
Em outro local, ainda no Centro, passando a Avenida Anchieta, sentido praia, indo pela Rua Osvaldo Cruz, duas outras vias a cortam não tendo saída nas duas extremidades, pois há condomínios fechados com prédios e casas barrando a passagem. São elas a Prudente de Morais e Procópio Ferreira que, poderiam dar acesso à Avenida 19 de Maio em uma das suas pontas. Já na (Rua Capitão Pedroso), no Centro, sentido praia, da esquina da Mestre Pessoa, rua que a corta, é possível ver no sentido praia, uma muralha que além de interromper o que seria um caminho que atravessaria para a João Ramalho, ainda cerca uma grande edificação.
E agora é momento também de relembrar mais uma clássica história do passado. Pois pela avenida da praia, a Tomé de Souza, sentido Jardim Rio da Praia, ou vindo deste bairro sentido Centro, há prédios no caminho de quem quer atravessá-lo. Nesse caso, quem quer prosseguí-lo, tem que dar a volta indo pela João Ramalho para voltar para à referida via à beira mar. E assim caminha Bertioga, onde poucos usufruem de muito e muitos de pouco. Mas o Extra está de olho neles para denunciar quem quer que seja, nesses e em outros casos negativos, relacionados à ações de forasteiros. A cidade está a cara do Brasil.