DAYSI CAMARGO, A GUERREIRA DA CULTURA DE BERTIOGA

Daysi Camargo

Quem passou pelo Parque dos Tupiniquins no último domingo (1º) pode ter tido a sorte de esbarrar com uma verdadeira lenda viva da cultura bertioguense: a professora Daysi Camargo, 75 anos de pura garra, sabedoria e paixão pela arte. Encontramos essa figura inspiradora em um bate-papo que virou lição de vida. E agora, dividimos com você um pouco dessa conversa que mostra como a força de uma mulher pode transformar uma cidade inteira.

Com 33 anos de história em Bertioga, Daysi não só viu a cidade crescer — ela ajudou a construir essa história. “Meu nome é Daysi Camargo Cruz, vim pra cá pela educação, comecei na Escola Estadual Professor Armando Bellegard, minha área é Geografia. Desde então, nunca mais parei”, conta com aquele brilho no olhar de quem ama o que faz.

E ela não fez pouco. Lutou com unhas e dentes pela cultura local, resistiu ao fechamento do único cinema da cidade, e quando ele se foi, ajudou a criar o Cineclube Buriquioca, que este ano completa 18 anos de resistência e exibição de filmes como ferramenta de transformação social. “O jornal Edição Extra acompanhou nossa luta. Sabem o quanto foi duro batalhar pra ter um espaço de arte aqui.

”Daysi é dessas que não se conformam com o silêncio e a mesmice. Ela quer mais — mais arte, mais espaço, mais cultura viva circulando. Por isso, comemorou com entusiasmo a estreia do novo telão no Parque dos Tupiniquins, no sábado (31), com a exibição do filme “Memórias de Bertioga” e “Raízes Nordestinas”. Um momento histórico. “Agora o parque começa a se abrir pra cultura de verdade. É isso que queremos: ocupar os espaços, contar nossas histórias.

”Mas engana-se quem acha que essa luta é recente. Daysi é daquelas que atravessou gestões, enfrentou burocracias e manteve viva a chama da cultura local. “Todos esses anos valeram a pena. Você pisar numa cidade que ajudou a construir, fazer parte dela… isso dá muito orgulho. Já fizemos tantas coisas juntos, tantas batalhas. E continuo cobrando, sempre.”

Hoje, ela celebra mais uma vitória: o Quintal Cultural, um ponto de cultura viabilizado pela Lei Aldir Blanc. O espaço completou dois anos e oferece atividades como cinema e xadrez, além de oficinas e encontros culturais. “Estamos plantando sementes. A ideia é que esse movimento se espalhe, que mais gente ocupe os espaços de Bertioga com arte.”

E claro, ela fez questão de agradecer. “Sou muito grata à imprensa local, que sempre esteve com a gente, dando força e visibilidade. Isso é fundamental.”

A fala de Daysi Camargo é um chamado: para lutar, resistir e valorizar o que é nosso. Uma mulher que inspira gerações, que transforma espaços e corações. Uma verdadeira guardiã da identidade cultural bertioguense.

Se depender dela, a arte jamais será silêncio em Bertioga.