MEMBROS DA ASSOCIAÇÃO DO MORADA DA PRAIA SÃO SUSPEITOS DE IRREGULARIDADES

TRÊS PESSOAS DA MESMA FAMÍLIA, LIGADAS À ADMINISTRAÇÃO DO LOTEAMENTO, ESTARIAM USANDO OS CARGOS PARA FAVORECIMENTO PESSOAL

Documentos apontando o que seria um conluio familiar, que teria sido formado para a prática de uma série de irregularidades na compra de materiais para serviços de zeladoria do Loteamento Morada da Praia, comprometem a atual diretoria.

O gerenciamento operacional do local é de responsabilidade da Associação dos Condôminos do Loteamento Morada da Praia.

A suspeita é de que duas integrantes do Conselho Fiscal e um funcionário da associação, todos da mesma família, seriam os responsáveis pela movimentação estranha na comercialização de produtos entre vendedores e compradores.

Na negociação supostamente irregular, estariam envolvidos a empresária Maria Cristina Ferreira Lima, sua irmã Maebe Ferreira Lima Vecchi (integrantes do Conselho Fiscal) e também seu sobrinho Alejandro Maelton, que é filho de Maebe.

Alejandro já era funcionário do Morada da Praia na gestão anterior, onde iniciou como estagiário sendo posteriormente efetivado e, hoje, continua trabalhando na Associação. Porém, nesta atual gestão, ele subiu de posto sendo promovido ao setor de compras, ficando responsável pela seleção de fornecedores.

Pelo vínculo familiar com as duas conselheiras, Alejandro já fica com a imagem “arranhada” na possível ocorrência de atividades financeiras ligadas à administração do condomínio.

Em igual situação aparecem as irmãs Cristina e Maebe. Nepotismo à parte, que também fermenta o caso, a suspeita de práticas de irregularidades tem um peso maior sobre elas, devido aos cargos que ambas têm na administração condominial.

As funções as obrigam a fazer vigilância em atos ou ações que possam levantar suspeitas de que algo de errado esteja acontecendo, e estava, conforme mostram os documentos, o próprio trio familiar estaria fazendo falcatruas.

“NEGÓCIOS DE FAMÍLIA”

De acordo com documentos, a conselheira deliberativa da associação Maria Cristina seria sócia-proprietária da MD Fibras e Calhas Ltda. A empresa fabrica e vende calhas, e também faz locação de equipamentos para construção civil, como: betoneiras, marteletes, andaimes etc. Ainda conforme notas fiscais, a empresa forneceu uma betoneira e calhas para o Morada da Praia.

Segundo o Estatuto da Associação, é irregular a prestadores de serviço do Morada da Praia fazer parte do quadro dos conselhos Fiscal e Deliberativo. Quem acompanha o caso, que “corre” à boca pequena no condomínio, acredita que as irmãs conselheiras teriam conhecimento da infração estatutária.

Até porque, além de atuarem no Conselho Fiscal, elas também já teriam se candidatado a cargos de direção na eleição para o biênio de 2020-2021, embora não tenham obtido êxito no pleito.

Puxando a corda, a cotação de preços e de compras feitas para a associação seria de responsabilidade de Alejandro Maelton, filho de Maebe e sobrinho de Maria Cristina. Como comprador, ele também deveria estar a par de que o procedimento é irregular.

O Estatuto da Associação é claro: impede que quem ocupa cargos de conselheiros tenha vínculos comerciais com a entidade condominial, e não tenha parentes trabalhando na associação.

PAU NA MÁQUINA

A conselheira deliberativa Maria Cristina passou a locar equipamentos para a Associação no início deste ano. Informações dão conta de que a conselheira teria emitido nota fiscal nos meses de janeiro e fevereiro.

A prestação das contas de 2022 da atual diretoria, aconteceu em fevereiro de 2023 e foram aprovadas. Neste contexto, Cristina não poderia ter participado do processo, já que mantém vínculo comercial e emite nota fiscal de serviços para a Associação. A próxima prestação de contas acontece em 2024, e nessas é que vão entrar as notas emitidas este ano pela comerciante e conselheira Maria Cristina.

ELEIÇÕES DEVEM SER TENSAS

Em 30 de dezembro deste ano, a Associação do Condomínio Morada da Praia realiza eleição para a escolha da nova presidência, para o próximo biênio. Tendo em vista a situação nebulosa envolvendo as duas irmãs conselheiras, os olhos se voltam para a Comissão Organizadora das Eleições (CCE) da Associação.

A CCE é composta por três membros e dois deles, segundo é ouvido à boca pequena, seriam simpatizantes da chapa situacionista Renova Morada, pela qual o presidente Wilson Roberto Prizmic Momce, o Nei, concorre a reeleição.

Na torrente de comentários desaguados pelos “cantos do Morada da Praia” ouve-se que a CCE deveria se pronunciar sobre as possíveis irregularidades. E se pronunciou, aprovou novamente, neste ano, a candidatura de Maebe e Maria Cristina para o Conselho Deliberativo.

A professora aposentada Tomiko Yamauchi Sato vai concorrer à presidência da Associação pela chapa “Família Morada da Praia”. Ela detinha o cargo de vice-presidente nessa gestão e afastou-se por entender que o presidente Nei não se posiciona.

Para ela, devem ser adotadas medidas rígidas contra situações que prejudicam os associados e contribuem para uma imagem negativa do condomínio. Tomiko chegou a divulgar um vídeo expondo repúdio contra a falta de transparência que impera na direção da entidade condominial.

O OUTRO LADO

Por telefone, a reportagem do EXTRA falou na sexta-feira (22) com a Associação Morada da Praia. Uma pessoa que se identificou pelo nome “Antônio”, atendeu a ligação. Ele informou ser responsável pelo atendimento do setor administrativo. Perguntado sobre o caso das conselheiras, “Antônio” transferiu a ligação para o gerente administrativo: “Fred”. E, logo em seguida, relatou que “Fred” não se encontrava.

Antônio “passou” a ligação para a secretária da Presidência, identificada também pelo primeiro nome “Fernanda”. Informada sobre o assunto, ela revelou que estava “sozinha” no local e o presidente da Associação estaria acompanhando “obras” no loteamento.

A secretária adiantou que iria falar com Nei e as duas conselheiras, para que dessem suas respectivas versões sobre o fato. Quanto à CCE, ela disse que não conseguiria informar.

Fernanda ainda falou que retornaria o contato com o jornal até às 16:00 horas desta sexta-feira. Mas, até o fechamento da matéria não houve retorno da Associação.