PRESIDENTE DA BISNETOS DE CACIQUE ENFATIZA QUE A ÚNICA “LIGA CARNAVALESCA LEGALIZADA” NA CIDADE É A FUNDADA POR ELE

Entrevistado pelo Extra, ele conta a sua versão, sobre como teria procedido nos trâmites legais para a fundação da Liga

O Extra entrevista o presidente da Escola de Samba Bisnetos de Cacique, Manoel Fernandes, mais conhecido em Bertioga, por Laranjinha. O motivo de ele conversar com a reportagem deste periódico, fica por conta da legalidade de uma liga carnavalesca fundada com seu esforço e com a ajuda de amigos. Assim, ele conta como trabalhou para fazer a Liga Carnavalesca Bertioguense, (LIBERT) acontecer e explica que, para fundar uma entidade deste tipo, são necessárias, no mínimo duas agremiações (escola de samba ou Bloco) com registro no Cartório de Títulos e Documentos de Santos, sendo assim, no caso de Bertioga.

“Em 2002 fundei a LIBERT com os blocos Bisnetos do Cacique e “Num Impurra Qué Pió”. Na época, quem respondia pelo Num Impurra Qué Pió, era a Elise Rau. Com o passar do tempo e por causa do desinteresse de alguns carnavalescos em cuidar da parte burocrática dessa entidade, a LIBERT caducou e ficou com o CNPJ inativo. Mesmo assim, simbolicamente, ela continuou existindo. Até porque, é o presidente da Liga quem faz as honras para a Corte do Rei Momo na abertura do Carnaval, com a entrega simbólica da ‘chave da cidade’. Desde 2002, por estar a frente da Liga e da Bisnetos do Cacique, sou eu quem faz essas honras, inclusive atualmente”, explica Laranjinha, enfatizando que, em 2018, articulou e colocou Valdizar Albuquerque como presidente da LIBERT.

“O Valdizar assumiu a presidência em 18 de dezembro de 2018 e ficou no cargo por dois anos e oito meses. Apesar disso, não mostrou interesse, durante esse tempo em que ele foi presidente. Então, eu fui o representante da Bisnetos do Cacique e continuei fazendo as honras para a Corte de Momo. O Valdizar ficou dois anos e oito meses como presidente da Liga, mas quem articulava e fazia a Liga acontecer era eu. Valdizar não se atentou para as demandas da LIBERT. Na última semana, foi proposto a ele, a legalização da Liga, caso ele quisesse continuar como presidente. Ele deveria ser a pessoa mais interessada, mas não foi. Assim sendo, sobrou para mim. E como eu sou um defensor do carnaval em Bertioga, sabendo dessa situação, que a Liga estava irregular, com o CNPJ inativo, fui a Santos para tentar reativar o CNPJ da Liga. Para isso, ele precisaria, além da Bisnetos do Cacique, que hoje é escola de samba, de uma outra agremiação, ou seja, de duas entidades legalizadas”, esclarece.

O presidente da Bisnetos de Cacique ressalta que procurou o ex-vereador Orvando da Silva, o Vando, e o advogado Dr Leandro Odilon de Brito. Isso para legalizar novamente a Liga, até para haver a possibilidade de conseguir uma verba através da Lei Aldir Blanc, que ampara artistas e entidades ligadas a arte, principalmente em tempos sombrios, como este da pandemia. “O Vando chamou também o advogado João Francisco Matos, popularmente conhecido por Chicão, e então fundamos o Grêmio Recreativo Cultural e Escola de Samba Acadêmicos do Indaiá. Com duas escolas de samba devidamente legalizadas e muita luta e gastos com documentação, passagens, entre outras coisas, conseguirmos colocar tudo em ordem e fundamos uma nova Liga Carnavalesca”, diz.

De acordo com Laranjinha, a Banda da Costa, o Bloco dos Vaquinhas, o Num Impurra Quié Pió e a Escola de Samba Império Bertioguense não têm registros no Cartório de Títulos e Documentos de Santos, sendo que dessa forma, não possuem legalidade para montar uma Liga Carnavalesca. “Havia interesse do Valdizar e do Ricardo da Banda da Costa de serem presidente da Liga regularizada por mim. Vando e amigos, o advogado Chicão da Acadêmicos do Indaiá, também queriam presidir a Liga. Alguns queriam que, na denominação da Liga, estivesse escrito, blocos, e não só escolas de samba”, enfatiza.

Apesar disso, Laranjinha garante que no estatuto da Liga está escrito que a finalidade da entidade é promover o Carnaval, abrangendo as escolas de samba, bandas e blocos carnavalescos. “O pessoal, insatisfeito também questiona o fato da sede do União Bertioguense Esporte Clube ser escolhida para a realização da assembleia de fundação da nova Liga. A escolha foi feita porque a sede do União sempre foi palco dos eventos carnavalescos da cidade. É tradição. O grande problema é a escola de samba Império Bertioguense. O Rodrigo do Amparo, presidente da agremiação, começou a participar do Carnaval local em 2018, incentivado por mim. Ele é cria minha”, realça Manoel, posteriormente explicando melhor a história que envolve seu pupilo, como ele diz.

“Houve também um desgaste nosso com o atual secretário de Turismo e Cultura, Ney Carlos. Nesse embate, Rodrigo do Amparo preferiu ficar do lado de Ney Carlos e contra a velha guarda do Carnaval Bertioguense. No desfile do ano passado, um carro alegórico da Bisnetos do Cacique quebrou na avenida. No momento que estávamos manobrando o carro, o Ney Carlos aparece e acontece uma discussão. Essa informação vazou nas redes sociais e criou polêmica entre os carnavalescos e, isso chegou aos ouvidos do Ney Carlos que levou os prints das conversas para o Gustavo Melo e para o Caio Matheus. O Gustavo me chamou no Gabinete”, detalha o presidente da Bisnetos de Cacique, dizendo ainda mais. “A informação gerou mal estar entre mim e no Ney Carlos. O fato de ter vazado informações da Bisnetos do Cacique para a prefeitura, gerou uma ruptura e o Rodrigo do Amparo rachou com a gente. Ele conseguiu um emprego na Casa da Cultura, com o Ney Carlos. A Bisnetos do Cacique publicou uma nota de repúdio contra as atitudes do secretário. Então, eles comunicaram ao Valdizar que haviam fundado uma nova Liga e pediram para ele renunciar ao cargo de presidente, até porque, conforme o estatuto, o mandato é de apenas dois anos e ele já estava mais de trinta meses no cargo. Além disso, o Valdizar procurou regularizar a documentação da LIBERT, não se mexeu para ir até a receita federal e regularizar o CNPJ, não mostrou liderança”, alfineta Laranjinha.

Ele continua contando à reportagem, sua versão sobre como conseguiu condições para fundar uma nova Liga. Ainda conforme Manuel, ele e o ex-vereador Vando se tornaram presidentes das duas únicas agremiações com legitimidade para fundar uma Liga Carnavalesca. “Publicanos o edital de fundação da Liga Independente das Escolas de Samba de Bertioga, LIESB. Aí veja, nós corremos atrás, arrumamos a documentação, gastamos dinheiro por nossa conta e lançamos o edital. Fizemos de tudo para termos duas agremiações legalizadas, condições necessárias para montar uma Liga Carnavalesca, tudo conforme exige a lei. Dessa forma, eu e o Vando passamos a ser os representantes legais do Carnaval na cidade com o direito de presidirmos a assembleia geral de fundação da Liga. Nós assinamos o edital de convocação. Mas, quando isso foi feito, criou-se uma insatisfação do Valdizar e de representantes de blocos carnavalescos que não têm a documentação exigida por lei”, diz.

De acordo com Manoel Laranjinha, tem representantes de outras agremiações que estão fazendo parte da sua Liga e da liga que ele afirma ser informal, formada pela referida escola de samba Império e outras. “Quem está a frente de fato da Num Impurra Quié Pió? Tem gente desse bloco na nossa Liga e na liga deles. Essa outra Liga Carnavalesca está se formando depois da nossa iniciativa. Esse é um grupo ligado ao Ney Carlos. O Bruno e o Rodrigo trabalham para o Ney. O Valdizar também trabalhava lá e só saiu porque conseguiu coisa melhor. Eles defendem o interesse do Ney Carlos e nós estamos descontentes com isso. Formamos uma liga baseada na legalidade, conforme exige a lei. Temos duas entidades devidamente documentadas que permitem isso”, esclarece.

Para o presidente da Bisnetos, a turma da outra Liga está querendo contrapor a dele. “A população de Bertioga quer saber se a Império Bertioguense é de Bertioga ou de Santos? O movimento dessa Liga é suspeito. Nós que lutamos para regularizar a situação, buscamos condições de fundar a Liga, lançamos o Edital e, aqueles que nunca fizeram nada (…) me dirijo à Império Bertioguense, que nunca desfilou (…) fica com os recursos da Lei Aldir Blanc? Quem tem condições legais somos nós. Estão lançando essa outra Liga só para ofuscar o brilho do nosso trabalho. A Liga faz as honras para a Corte de Momo, entrega a chave da cidade para o Rei Momo. Se o prefeito tem medo de entrar na SAOC, bairro da cidade dele, o presidente da Liga não tem! O presidente da Liga pode reivindicar verbas culturais e ele tem que defender a identidade cultural da cidade e, inclusive questionar o dinheiro público que vai para entidades culturais suspeitas”, ressalta.

Segundo Laranjinha, os carnavalescos tradicionais da cidade, que defendem a sua identidade cultural, não concordam com o comando do Ney Carlos a frente da secretaria de Turismo e Cultura, pois eles o consideram como alguém que não tem nenhuma identidade cultural com Bertioga. “Nós passamos de caneca pelos comércios, porque é difícil conseguir patrocínio. Como ninguém tem coragem de fazer isso, eu e alguns poucos amigos fazemos. Aí, quando aparece uma oportunidade como essa, da Lei Aldir Blanc, lei criada para socorrer os trabalhadores da cultura que já existem, o Rodrigo do Amparo monta uma escola de samba e consegue um dinheiro. De acordo com as leis relacionadas à cultura no país, é preciso que a entidade tenha dois anos para conseguir esse benefício. A lei foi criada em junho de 2020 e a escola deles foi fundada em abril. E, através da lei, eles conseguiram um dinheiro. Como podem receber o benefício, se não têm legitimidade. O dinheiro ainda saiu no nome do Rodrigo do Amparo, ao invés de sair pelo CNPJ da escola de samba”, desabafa Manoel, prolongando mais ainda o assunto.

“Me parece também, que a documentação dessa Império Bertioguense não é de Bertioga, e sim do Caruara. É, isso deve ter sido feito, para terem legitimidade para uma futura participação no Carnaval Santista”, finaliza.