Operário é encontrado morto em alojamento de empresa no Indaiá e a família quer saber a causa da morte mal explicada

A viúva e a enteada do ajudante de pedreiro não se conformam que o caso não foi levado ao conhecimento da polícia para que o corpo do ente querido fosse conduzido ao (IML) para constatação da causa da morte

Um homem foi encontrado morto no alojamento que pertence a uma construtora, situado no bairro Indaiá. O nome dele é Marcelo Dias da Silva, 39 anos. O caso aconteceu no dia 1° de agosto, por volta das 14 horas, quando colegas de trabalho teriam se deparado com ele sem vida. Um encarregado da obra conhecido por Júnior, ligou para avisar a família sobre a situação, por volta das 18:30 horas, quatro horas após Marcelo, que era ajudante de pedreiro, ter sido visto em estado de morte pela primeira vez.

Ocorre que a família do saudoso, que mora em Guaianases, bairro da grande São Paulo, na região da Zona Leste, veio para Bertioga para tentar entender como tudo aconteceu. Um amigo do dono da FDL Construções Ltda ME, de Cotia-SP, que se chama Elson, foi buscá-la na referida cidade. Primeiro os familiares foram conhecer o alojamento onde Marcelo foi encontrado morto. Foram recebidos por um rapaz que seria o apontador da empresa, cujo o nome é Flávio, que teria dito que o ajudante de pedreiro havia morrido de tanto beber, porque havia consumido muito álcool naquele dia. A enteada do saudoso, Tamiris Andrade da Silva que estava acompanhada da mãe, Lucineide Tomé de Andrade da Silva, viúva de Marcelo, considerou as instalações como desumanas, inabitáveis, mesmo que por poucos dias.

Posteriormente Tamiris e a sua mãe foram tentar ver o corpo do ente querido na funerária Schunck, situada no Centro de Bertioga, local onde um funcionário chamado Márcio já estava com a documentação pronta, onde constava que a morte de Marcelo havia ocorrido por “causa indeterminada”. Ele pediu para Lucineide, apenas os documentos que faltavam, no caso, certidão de casamento e o RG dela. E também a roupa, para trocar as vestimentas do saudoso. Elas pediram para ver o corpo e Márcio teria dito que não poderiam, pois os amigos de trabalho do ajudante já haviam feito o reconhecimento do corpo.

Tamiris questiona o porquê não foi realizado um boletim de ocorrência referente à morte do padrasto. Para ela, ele sempre foi tranquilo, não era de confusão e sempre esteve bem de saúde. Assim sendo, Tamiris considera a morte de Marcelo como suspeita. Segundo ela se informou, o procedimento sobre a condução deste caso requer também que o corpo seja levado para o Instituto Médico Legal (IML) para se saber a causa da morte, antes de ser levado para qualquer serviço funerário, isso por meio de solicitação da polícia, após ser realizado o (B.O). O advogado doutor Paulo Cezar da Silva Moura confirma que o procedimento certo é o que foi passado para Tamiris. “Se essa situação realmente aconteceu dessa maneira, está tudo errado, pois a polícia teria que ser chamada para ser feito o boletim de ocorrência”, diz.

Tamiris e Lucineide receberam a informação de que o corpo do ente querido havia sido entregue à referida funerária pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Para doutor Paulo Cezar, já que o pessoal da construtora não chamou a polícia para realizar o (B.O) os profissionais do SAMU deveriam ter feito. Inclusive, foi o médico do (SAMU), doutor Austelino Matos, que estava na ambulância, quem atestou a causa da morte do ajudante de pedreiro como “causa indeterminada”.

A Funerária Schunck, para onde o corpo do ajudante teria sido levado pelo SAMU

Saindo da funerária, as duas foram levadas de volta a São Paulo por Elson, o mesmo senhor que foi buscá-las. O corpo de Marcelo continuou na funerária. Tamires e a mãe, Lucineide, foram deixadas na casa delas, mas, naquele mesmo dia voltariam para Bertioga, porque resolveram fazer um Boletim de Ocorrência, pois não acreditaram na história que foi contada a elas sobre a morte do ente querido. Estavam a caminho do litoral, na Estação Ferroviária dos Estudantes, em Mogi das Cruzes, quando receberam um telefonema de Márcio, o funcionário da funerária de Bertioga, dizendo que se elas não autorizassem o transporte do corpo para São Paulo, Marcelo seria enterrado em Bertioga como indigente.

Elas autorizaram a funerária a realizar o transporte do corpo e retornaram da Estação Estudantes para Guaianazes. Os custos correram por parte da empresa FDL Construções, onde Marcelo trabalhava desde o dia 13 de Abril, numa obra na Riviera de São Lourenço, apesar de o alojamento ser no bairro Indaiá. O financiamento do enterro ficou por conta da família.”Ainda estou devendo o enterro do meu marido”, disse Lucineide. O corpo chegou na capital paulista na terça feira, dia 3 de agosto, quando conseguiram ver o corpo dentro do caixão, em meio a um monte de jornais amassados em volta dele.

No dia 6 de agosto, Tamiris, a mãe Lucineide e a irmã Camila Tomé de Andrade, vieram a Bertioga na tentativa de fazer um (B.O). Isso porque tentaram o mesmo em São Paulo, mas foram informadas de que o procedimento teria que ser no município onde aconteceu onde o saudoso entrou em óbito. Através do Boletim Eletrônico na internet, também não foi possível, por se tratar de morte. Na delegacia de Bertioga, segundo elas, foram informadas de que não poderiam realizar um Boletim de Ocorrência, porém, não foi explicado o porquê.

A viúva Lucineide e as enteadas do ajudante, Camila e Tamiris

Inconformada, a família que é de origem humilde diz que não vai deixar a situação como está, pois querem “saber a “verdadeira causa da morte” de Marcelo e vai procurar um advogado para tentar a exumação do cadáver, nesse sentido. Tamiris disse que a mãe, Lucineide, está sendo pressionada por Fábio Ribeiro Ferreira, dono da FDL Construções e pastor da Igreja Mundial, para dar baixa na carteira de trabalho do ajudante. Elas consideram tudo muito suspeito. Disseram que Marcelo era saudável e a morte dele foi muito mal explicada. Um colega de trabalho do saudoso enviou a Tamiris uma foto de como o corpo foi encontrado no alojamento.

TUDO MUITO ESTRANHO

O encarregado do alojamento da construtora disse que Marcelo havia sofrido um infarto; Flávio, o apontador da FDL Construções, disse que a causa da morte teria sido o excesso de álcool consumido no dia; o médico atestou morte por “causa indeterminada”; o funcionário da funerária disse que o corpo não foi levado ao (IML) porque em Bertioga não existe um. Sendo que existe o de Praia Grande, para onde os corpos das pessoas que entram em óbito em todas as cidades da Baixada Santista são levados, sempre que necessário.

A reportagem conversou com o funcionário da Funerária Schunk que se chama Anderson. Ele afirmou que o gerente responsável, que se chama Márcio, não estaria presente no momento e, mencionou que a funerária não tem autorização para permitir que as famílias vejam o corpo de um ente querido dentro de seu recinto. Isso além de confirmar que o corpo do ajudante foi realmente trazido pelo (SAMU) até o local. Marcelo e Lucineide também tiveram um filho, que hoje tem 18 anos de idade, Felipe Júnior Dias da Silva, atualmente um órfão por parte de pai. Essa história ainda deve render novas matérias jornalísticas com mais detalhes sobre este caso.