EQUIPE DO MORADA DA PRAIA ENCONTRA ARMADILHAS DE CAÇADORES NA MATA LOCAL

Na área que pertence ao PERB mas que fica dentro do loteamento, um grupo de homens, liderados pelo presidente local Gerson Trentino, desarmou inclusive uma armadilha que pode ferir gravemente uma pessoa que vier a trilhar pelo local

Uma equipe do Morada da Praia, liderada pelo presidente da associação, Gerson Luís Trentino, desativou diversas armadilhas de caça numa área da Mata Atlântica pertencente ao Parque Estadual das Restingas de Bertioga (PERBE) ainda dentro do loteamento, na parte dos fundos, sentido Serra do Mar, um local um pouco distante da maioria das residências do condomínio. Na ação que aconteceu no último dia 16 de abril, além do mandatário local, Gerson Trentino, também participaram o coordenador de Meio Ambiente do Morada, Raimundo Amaral, o gerente de manutenção Girson, o técnico de informática Carlos, o policial civil Alexandre Coelho e também um policial militar florestal aposentado que é morador do loteamento. Eles desarmaram armadilhas de laços, jiraus, esperas e cevas.

A operação contou também com a ajuda da cadela “Lindinha”, que com seu faro apurado, encontrou uma das armadilhas, além de um drone que foi operado pelo técnico de informática, Carlos. O objetivo principal da operação foi o de impedir a ação de caçadores e palmiteiros. Segundo Gerson, por ser uma área de preservação, não se pode adentrar sem permissão das entidades competentes. Ele diz que a natureza nesse local é bem preservada, onde existe uma rica flora e fauna, com enormes árvores centenárias e até mais velhas. Algumas têm o tronco tão largo que quatro homens não conseguem abraçá-las.

A equipe encontrou rastros de antas, tanto adultas quanto de filhotes. Encontraram também uma armadilha de espera, que é uma espécie de canhão feito com um tubo de metal e cartucho, onde o animal se enrosca na linha e recebe o disparo. “Um perigo, já que uma pessoa fazendo trilha pode acabar vítima de uma armadilha dessas. O cara que faz isso tem que ser preso, a natureza está se recuperando e esses caras caçando. É uma pena que a lei brasileira para esse tipo de crime é branda. Pelo o que sei, essa foi a primeira vez que o Morada da Praia fez esse tipo de operação. O resultado foi satisfatório e a partir de agora vamos periodicamente realizar mais ações como essa, inclusive, nos finais de semana”, destaca Gerson. Ainda de acordo o presidente do Morada, os principais animais, alvos dos caçadores são, a paca, cutia, veado, quati, tamanduá bandeira, onça, macaco e tatu.

TIROS NO ESCURO

A equipe, apesar de ter encontrado as armadilhas, não notou nenhum caçador na mata. Gerson foi quem idealizou a ação. O motivo inicial para que este trabalho fosse realizado, partiu devido ao fato de ele ouvir tiros no momento em que está em sua casa, que fica nos fundos do loteamento. Isso em período noturno, já ocorrendo há algum tempo. Assim sendo, o presidente local estava intrigado com esta situação e resolveu vistoriar a área. Gerson conta que está acostumado a andar em trilhas na mata, pois na sua infância e adolescência, costumava caçar com o pai, o senhor Lamartine, nas elevações da serra de Paranapiacaba e entre Mongaguá e Itariri. Isso nas décadas de 1960 e 1970. Naquela época, conforme ele, caçava-se para comer, pois não existia a comodidade de hoje: açougues e supermercados, e como ele mesmo diz, eram outros tempos. Para ele, atualmente a natureza pede socorro. “Hoje eu e minha família somos contra esse tipo de coisa”, enfatiza e elogia a sua cadelinha de estimação, a Lindinha que o ajuda nesta empreitada.

“Ela toma conta do terreno nos fundos do loteamento, onde são guardados os caminhões, tratores e outros maquinários. A Lindinha foi de grande ajuda nessa missão e ajudou a encontrar as armadilhas. É valido a gente lembrar que a área de Mata Atlântica que fica nos fundos do Morada da Praia, apesar de fazer parte do PERB, quase não é fiscalizada pela entidade. Até por estar dentro do Morada. Então, acredito que cabe a nós realizarmos este trabalho. Se lá foram encontradas estas armadilhas, imagine no restante da serra. Deve ter muito caçador e palmiteiro atuando na mata Atlântica, cometendo crimes ambientais”, ressalta.

A OCORRÊNCIA

Segundo o já referido coordenador de Meio Ambiente local, Amaral, o PERB em uma ocasião, encontrou um rancho na área de mata do parque, não exatamente dentro do Morada, mas nas proximidades. Foi ele quem lavrou o Relatório de Vistoria sobre as armadilhas encontradas dentro do terreno do loteamento. No documento, consta o ocorrido na ação: “Na área
que faz parte do Parque Estadual das Restingas de Bertioga (PERB) foram constatados vestígios de caçadores
dentro mata, no caso, três armadilhas, um ponto de espera para abate de animais silvestres e uma armadilha para pegar peixes. Mas todas foram destruídas e o material usado para armá-las foram recolhidos. Foram vistas muitas pegadas de antas na beira do rio. As áreas estão bem preservadas, sendo que no local há muitas de grande porte e a mata está bem fechada. Os pontos próximos ao rio estão bem assoreados, com muitas árvores caídas dentro rio, mas tudo foi provavelmente provocado pelos fenômenos naturais da natureza.
Não foi constatado indicadores de poluição, exceto um pneu de moto na beira rio e três latas de cerveja, que foram recolhidas pela equipe que estava realizando vistoria.

Essa armadilha pode ferir uma pessoa que estiver fazendo trilha, acidentalmente

Nas fotos acima, outras feituras de armadilhas encontradas pela equipe