O NOME ‘BOCA DA ÉGUA’ TEM HISTÓRIA NO JD PAULISTA

Hoje uma casa comum; antigamente uma bodega que se vendia de tudo, incluindo a tão apreciada cachacinha e a cerveja gelada; local onde eram realizadas várias churrascadas e que rendeu muitas histórias, inclusive a do apelido inicial, ‘Baixa da Égua’

O bairro Jardim Paulista é uma localização de muita história na cidade, desde os períodos em que quase tudo nesta área era só mato, quando existiam apenas as ruas Oswaldo Cruz e a Manoel Gajo, que já se chamou Vasco da Gama. As outras vias existentes na localidade nos dias de hoje, muitas nem se sabia se um dia seriam abertas. Já outras eram apenas caminhos estreitos ladeados pela mata virgem.

Esse lugar tem a história de uma festa junina com dança de quadrilha que ganhou fama pela cidade e fora dela, isso por conta do saudoso seo Moraes. E tem também a história de uma agremiação de futebol que já se chamou Esporte Clube Osvaldo Cruz, que depois passou a ser chamado de ‘Mão Grossa’, e mais adiante foi nomeado, União Bertioguense Esporte Clube. Todavia, o que será contado neste texto, é o porquê o Jardim Paulista foi e ainda é chamado de ‘Boca da Égua’.

Existe uma ‘história torta’ que não condiz com a veracidade que levou esta localidade bertioguense a ser assim apelidada. Assim sendo, a verdadeira história da alcunha do referido local é a seguinte: havia um bar à Rua Osvaldo Cruz, no número 1.092 onde hoje é uma casa, daquelas bem normais, das quais não inspiram a imaginação de que pode ser um imóvel responsável pelo apelido dado a um bairro inteiro.

Antes desta atual residência, pertencente nos dias de hoje a uma família paulistana, ser construída, a antiga que foi demolida, era uma edícula, destas que chamam de ‘meia água’. Nela moraram muitas famílias. Até um mecânico muito conhecido no município, o popular Swat já a habitou. O Português proprietário da Auto Peças e Elétrica Bertioga, que hoje é situada no bairro Albatroz, também foi morador desta casa, com sua oficina instalada no local. Mas como já mencionado, antes de tudo isso, em meados de 1978, esta casa era um bar, que foi da dona Célia e do seo Chico, e mais antigamente ainda, em 1974/1975, a bodega pertencia ao saudoso Nelson Batubano, pai do popular Batubinha, que assessorou o ex-prefeito Mauro Orlandini, inclusive.

Era muito comum o encontro de boêmios da cidade no bar de Batubano, que estava em busca de um nome oficial para o boteco, que também funcionava como uma mercearia, em que havia jogatina de bilhar e servia a tão apreciada cachacinha, cerveja gelada, petiscos e outras bebidas. Segundo Batubinha, num destes encontros regados a bebidas etílicas, muitas sugestões para o nome do estabelecimento eram dadas, contudo, nenhuma estava agradando a Batubano.

Mas um dos que curtiam aquela noite, cujo o nome dele nem Batubinha se lembra mais, em total estado ébrio, gritou aparentemente sem nem saber o que estava dizendo: Boca da Égua !! Neste momento, Batubano e quem mais estava presente no boteco aprovaram as delirantes palavras ditas pelo bebum, adotando o nome ,(Boca da Égua) para o bar.

Existe uma outra versão sobre o porquê do bairro Jardim Paulista ser chamado de Boca da Égua. De acordo com um antigo morador, muito conhecido no bairro, que se chama Odvaldo Nogueira, o referido bar recebeu o referido apelido por conta de funcionários de empresas, como a Lacio, que construiu a caixa d’água da Sabesp e outras, como as que trabalhavam na manutenção das torres de energia elétrica existentes na cidade. Este pessoal que morava nos alojamentos das empresas frequentava o bar de Batubano.

Acredita-se que pelo fato de no bairro, nas proximidades do estabelecimento, haver éguas e cavalos que os donos os deixavam pastando em cada esquina, os referidos trabalhadores começaram a chamar o bar de ,’Baixa da Égua’, alcunha aperfeiçoada para Boca da Égua, assim como o nome ‘Buriquioca com o tempo, virou Bertioga’. Ainda conforme Nogueira, a famigerada bodega era onde realizavam muitas churrascadas e, algumas ‘mulheres da vida’, participavam dessas festas que aconteciam à portas fechadas.

Isso também pode ter aguçado a imaginação popular a criar o nome Baixa da Égua. Este boteco também foi o cenário inicial dos ensaios e apresentações das danças de quadrilha organizadas pelo saudoso seo Moraes, que fez história na vida de muitos bertioguenses, principalmente do bairro Jardim Paulista, a antiga Comunidade Osvaldo Cruz.

Portanto, quem não sabia sobre a origem do nome Boca da Égua e leu esta história, agora está sabendo. Muita gente que reside no município há pouco tempo, acredita que este apelido existe por conta de uma comunidade que fica no final da Rua General Osório, sentido manguezal, apontada como ponto de comércio de ilícitos. Porém, este lugar só começou a ser povoado na metade dos anos 90, mais de 20 anos depois de todo um fato consumado que gerou a alcunha relinchante local.